terça-feira, 9 de novembro de 2010

Conflituando

- Hoje, se me repreendes, é porque não sabes a verdadeira forma da convicção daquele apelo gritado. Sou eu que sorvo as apáticas realidades daqueles mundos ignóbeis e tão desfeitos de pudor e não me dou por cansada.
Mas tal frontalidade de pensamento em alta voz não demove aquele guerreiro trespassado pela ilusão de ser o verdadeiro domador de expressões assertivas. É ele que se diz contador de estrelas virtuosas por entre as noites calmas e despidas de luz, por isso pode dar-se ao luxo de enveredar pela cómica desfeita de ignorar uma voz amiga em transe filosófico.
- Deixa-te de poéticas afirmações, porque não me contento com a passividade. Vou sem medo à luta trilhar caminhos vitoriosos. Não tenho medo de nada e nada de mim tem medo, nem por um segundo. Sou matéria fiel à prestação de supressões e tu não me segues cegamente, porque não crês na minha capacidade de vencer. Não acreditas que posso fintar as amarras da sina escrita?
- Sinceramente, o que creio vai muito para além desse pensar narcisista e hipócrita de alguém que transformou seu ego em supremacia absoluta…

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Amarras da libertação

Já me perdi na dimensão
De um longo caminho deserto
E deixei-me ficar na sensação
Daquilo que achei incerto
Nas amarras da libertação...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Inspiração...

Não me deixes na ruína deste riso
Não me deixes na largura da rua terminada
Não me deixes descrente fiel de juízo
Não me deixes a alma desabitada.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Divagação

Começo por divagar. A razão não é aparente, apenas sei que me apetece destilar sobre a folha de papel lisa toda a inspiração recalcada. Concordância dos deuses, não sei se a tenho, apenas limito-me a verter sobre as alíneas da canseira todo o verso atravessado na minha mente inquieta. Submeto-me à reacção dos golpes aflitos daquele mornar de conceitos e despi-os um a um com uma caneta de purpurina por acalentar. Sei-os loucos no seu amainar de significâncias, mas gosto da sua maneira subtil de contemplar as formas invisíveis daquele jogo da escrita. Sei-os desejosos de mostrarem o seu requinte, mas faço-os esperar na ansiedade de uma lógica quase imperceptível.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ondas de mistérios

Na solidão que faz apaziguar
Um raio de luz por acender
Entra uma réstia do verbo amar
Carta irreal por escrever
Incógnito surto de criar.

E penso…

Penso na forma de descomplexar
Os compassos ritmados desta sinfonia
Que sozinhos vivem para tocar
As notas idas da minha rebeldia.

Penso na visão estrita
Daquele complemento rigoroso
Que tantas vezes me norteia a escrita
Fingindo-se verso ardiloso.

E de tanto pensar
Acabo na prisão dos critérios
Aquela que se faz ao mar
Por entre ondas de mistérios.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Lógica não pensante

Foge-me a fúria da escrita por entre a evasão desleal destas palavras. Foge-me como um susto fintando o medo numa noite escura de tempestade.
Confesso, não desdenho a consequência lógia deste delírio fugitivo, mas preocupa-me ficar estéril, sem fundamentos por escrever. Tenho de me libertar, assumir o seguimento da complexidade, desconectar o querer imperativo das conclusões mal formuladas. E quando for pretérito presente da liberdade de expressar, criarei um domínio de lógica não pensante...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Inflamados cenários

Criei na ilusão
Uma forma de subtil encanto
Algo que se dá à paixão
E se molda na palidez do espanto
Como o barro daquele ribeirão.

Deixei-me levar
Pela rebeldia dos sentimentos
Como se fosse era a trepar
A esquina dos momentos
Findos na hora de chegar.

Deixei-me, porque fui liberdade
Na ousadia da reacção
Que tanto de mim foi vontade
Da irracional firmação
De não ser portal de saudade.

E confesso, talvez perdi a monotonia
Dos dias feitos de horários
Fiéis a evasiva correria
Daqueles inflamados cenários
Tão sedentos de fantasia.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Acendalha do fogo de amar

Porque na razão
De um verso desigual
Posso evocar o coração
Daquele gesto irreal.

Deixo-me elevar
Pela primazia do querer
Acendelha do fogo de amar
Que me vem aquecer.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Renascer...

Aqui onde a impiedosa força natural
Percorreu loucamente as ruas
Ergue-se a vontade colossal
De vestir todas as vidas deixadas nuas...