terça-feira, 7 de julho de 2009

Socalcos ilusórios

Procuro uma vaga de vento na estranha vivência deste deserto. Só encontro areia, minúsculas partículas esplendorosas que anseiam um solo fixo, mas que nunca o conseguem. Talvez por olhar esse grão de areia me reveja como nunca nele. Afinal mais não sou que um pequenino grão de areia no meio desta desértica humanidade. E quem se lembra de mim? TU! Apenas tu, pobre desconhecido ainda por encontrar, que habitas no espelho que olho todas as manhãs, ainda meio ensonada e atordoada pela escuridão da noite vadia. Apenas TU! Aquela noite de estrelas perdidas mergulhadas no céu da fiel perdição dos olhares secretos… Que noite fantástica, fogosamente pintada no seu jogo de fogo cruzado e apaixonante.
Em mim há somente uma certeza, a submissão de um simples e cordial afrontamento de sabores e condições preponderantes. Sigo o sabor da brisa, o pesar das nuvens celestes e findas no seu singular entrelaçar de moléculas. Sigo a rigidez da sensação que trespassa a mudez da minha voz sorrindo das cenas de amor quente e saudável de cada dia. Olho o céu, e volto a olhar, e encontro um valor engrandecido na fusão de estrelas que se confundem com corpos desertos de vestimenta. Invoco uma condição, um pretérito fingimento na louca esperança de misturar a nossa saliva de essências e sabores. Mas é tão somente um pensamento fingido, uma estranha rouquidão da alma que se apodera da minha mente com socalcos ilusórios de pretensa irreal.

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